segunda-feira 22 2013

Sobre amor, felicidade e extraterrestres

Tempo de Mulher
BEATRIZ ALESSI: "Se nunca saberemos o sentido da vida, por que não aproveitar ao máximo nossa louca aventura neste planeta?"



Foto: Thinkstock
Foto: Thinkstock
Por BEATRIZ ALESSI
Quantas vezes, numa noite de lua cheia, você contemplou o céu estrelado e se indagou sobre o sentido da vida? Não é tentador imaginar que, em algum longínquo pontinho iluminado do universo, possa haver vida inteligente que nos dê alguma pista sobre nossa existência na Terra?
Desde a invenção do telescópio, no século dezessete, o homem perscruta os céus em busca de respostas. Estamos irremediavelmente sós? Por que raios a vida teria vingado apenas neste acanhado e belo planeta, que rebola solitário na imensidão do cosmos? Me peguei divagando sobre nossa precária e improvável existência depois de ler, na Folha de S.Paulo, duas crônicas com vieses diferentes – um científico e outro filosófico.
Em “Sobre visitas de extraterrestres”, em que discorre sobre luzes misteriosas avistadas nos céus da Amazônia, o físico Marcelo Gleiser nos convida a espantar o devaneio e pôr os pés no chão. Ele nos lembra que o sistema estelar mais próximo de nós fica a quatro anos-luz da Terra, ou seja, mesmo uma civilização superior, viajando a velocidades próximas à da luz, levaria muito tempo para chegar aqui. Portanto, não faz sentido supor que, tendo concluído a empreitada, nossos visitantes extraterrestres se esconderiam sob a forma de pontos de luz no negro céu da floresta. 
Já em “Crise de sensatez”, o poeta Ferreira Gullar argumenta que, diante da imensidão do universo e do absurdo da existência, é melhor ser louco varrido que sensato. E pergunta: como há bilhões de outros sóis só na nossa galáxia e outros tantos bilhões fora dela, “pode alguém achar que a mente humana é capaz de explicar um troço como esse, que excede toda e qualquer possibilidade de abranger e compreender?” Ferreira Gullar conclui que o universo existe apenas para ser contemplado por nós, de longe.
Imagino que, como eu, você também deva estar se sentindo pequenininha. Mas já parou pra pensar em como essa pequenez amplifica a grandeza de nossa experiência humana? Se a vida é tão rara e tão frágil, isso não a torna também infinitamente mais bela? E se nunca teremos respostas às nossas inquietações ancestrais, não te parece mais urgente aproveitar o aqui e o agora enquanto durar essa nossa louca aventura terrena?
Portanto, transforme em “poeira estelar” os pequenos dissabores da vida. Ame sem medo de se machucar e seja feliz. Vá atrás do seu sonho e celebre o fato de estar entre os eleitos. Num universo tão vasto e vazio, não é pouca coisa.
* Beatriz Alessi é jornalista e cidadã do mundo, como a maioria dos mineiros. Contadora de histórias, acha que a vida de toda mulher daria um grande filme - ou pelo menos uma modesta crônica.

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