segunda-feira 22 2013

Jodie Foster é uma inspiração para todas nós!

Por BEATRIZ ALESSI, Tempo de Mulher
Beatriz Alessi: “ Aos 50 anos, a atriz vive seu papel mais verdadeiro”



Foto: Getty Images
Foto: Getty Images































Por BEATRIZ ALESSI
Festas da indústria do cinema costumam ser todas iguais. Longos discursos de agradecimento, piadinhas infames, sorrisos estudados, celebridades se atendo rigorosamente ao script. Mas não foi o que se viu na noite do Globo de Ouro, considerado a prévia do Oscar. Quando a atriz Jodie Foster subiu ao palco para agradecer o prêmio Cecil B. DeMille, pelo conjunto da carreira, intuiu-se, desde a primeira frase, que não dançaria conforme a música.
Começou bradando, em alto e bom som, que chegou aos cinquenta! Qual atriz hollywoodiana sairia por aí alardeando tamanha impropriedade, numa indústria que cultua a juventude eterna e relega cinquentenárias ao ostracismo precoce? Só alguém com quarenta e sete anos de serviços prestados à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, mais conhecida como Hollywood. Jodie representa desde os três anos de idade e, na noite em que foi reconhecida pelo conjunto da obra, não perdeu a chance de sair do script. “Preciso confessar uma coisa” - disse ela, deixando desconcertada a plateia de estrelas e figurões do cinema. “Estou... solteira”, completou, para espanto geral. Num discurso talhado para revelar menos pelas palavras e mais pelas entrelinhas, ela fez, pela primeira vez, menções implícitas, mas inequívocas à própria homossexualidade. “Espero que não estejam desapontados por esse não ser um grande discurso de saída do armário. Já saí do armário há mil anos, na Idade da Pedra, quando uma garotinha frágil se abria para os amigos e a família e depois, orgulhosamente, para todos ao seu redor.”
E, para que não pairassem dúvidas, Jodie homenageou a ex-companheira Cydney Bernard, que a ajudou a criar os dois filhos. “Obrigada, Cyd. Tenho orgulho da nossa família moderna.”
No final, ela se emocionou ao falar da mãe, que sofre de demência: “Sei que você está em algum lugar, dentro daqueles olhos azuis.” E sinalizou que era o fim de uma era, que talvez nunca mais pisasse num palco de novo, que era tempo de mudanças.
O discurso foi tão cheio de rodeios e metáforas que, nos bastidores do Globo de Ouro, muitos se perguntavam se Jodie tinha mesmo se declarado gay. O que importa é que ali estava uma mulher segura de si e das suas escolhas. Alguém que teve que lutar por uma vida que parecesse “honesta e normal, contra todas as probabilidades”.
Jodie Foster é uma inspiração para todas nós! Na vida – e principalmente na indústria do glamour e do espetáculo – não é fácil se manter fiel a si mesmo. Como ela nos mostrou tão graciosamente, nem a aclamação do público, nem os louros da fama compensam uma existência barata, representando um papel que não é o nosso.
* Beatriz Alessi é jornalista e cidadã do mundo, como a maioria dos mineiros. Contadora de histórias, acha que a vida de toda mulher daria um grande filme - ou pelo menos uma modesta crônica.

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