quarta-feira 20 2013

Capa de 'Chico', novo disco de Chico Buarque - Em 2011

Novo disco de Chico Buarque chega às lojas no próximo dia 22.
Álbum traz duetos com João Bosco, Wilson das Neves e Thais Gulin.

Henrique Porto Do G1 RJ
Capa de 'Chico', novo disco de Chico Buarque (Foto: Divulgação)Capa de 'Chico', novo disco de Chico Buarque
(Foto: Divulgação)
São pouco mais de 30 minutos de música. Mas a duração, a princípio curta, é suficiente para um passeio de Chico Buarque por diversos gêneros musicais, incluindo blues, baião, valsa, marchinha e samba. E com direito a participações especiais.
"Chico", novo álbum do cantor e compositor carioca que chega às lojas no próximo dia 22, é assim. Enxuto no tempo e nos arranjos produzidos pelo maestro Luiz Claudio Ramos, braço direito musical de Chico há décadas e espécie de "tradutor" das ideias musicais do artista.
São dez canções, quase todas debruçadas nos violões de Chico e do próprio Luiz Claudio e no piano de João Rebouças. Nada parece excessivo, e cada instrumento tem uma função. Mas, o que sugere simplicidade, revela-se complexo principalmente nas primeiras audições. Permanecem algumas melodias tortas e harmonias "difíceis", tendência observada na discografia do cantor desde "Chico Buarque", de 1990, e acentuada em "Carioca", último disco lançado pelo cantor. Ao mesmo tempo, "Chico" tem sonoridade próxima ao álbum "As cidades", de 1998, que traz de volta uma musicalidade mais "assobiável".
O disco abre com "Querido diário", uma toada com cores de moda de viola sobre um solitário andarilho capaz de "Por uma estátua ter adoração / Amar uma mulher sem orifício", mas que encontra o amor em carne e osso mesmo na adversidade. Executada por Jaime Alem (que está para Maria Bethânia assim como Luiz Claudio Ramos está para Chico), é justamente a viola que dá brilho à canção, somado ao Quarteto Radamés Gnattali, composto de violinos e violocelo.
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Blues e baião
A canção seguinte é "Rubato" ("roubado", traduzido do italiano), parceria com o baixista Jorge Helder, músico que acompanha Chico em todo o novo trabalho. A marchinha, que traz banda de coreto e tudo, é o convite apressado de um compositor para que a parceira ouça uma nova canção que a tem como inspiração.
Blues e baião aparecem, respectivamente, em "Essa pequena" (com breve, porém belo solo de violão) e "Tipo um baião". São canções de amor, com destaque para a primeira, que descreve a idiossincrasia de um homem apaixonado por uma mulher mais nova. O tema reaparece em "Se eu soubesse", em que Chico canta em dueto com Thais Gulin na primeira participação especial do álbum.
"Sem você", composta por Tom Jobim e Vinicius de Moraes e incluída no repertório da penúltima turnê do cantor, ganha em "Sem você 2" uma sequência que remete à sonoridade e aos versos da original. A faixa "Sou eu", samba em parceria com Ivan Lins, é o pretexto para a aparição de mais um convidado: desta vez é o baterista Wilson das Neves quem divide de forma divertida o microfone com Chico, numa canção ambientada num dos lugares mais cantados pelo músico carioca: o salão de baile.
O maestro Luiz Claudio Ramos (à esq.) conversa com Chico Buarque durante no estúdio durante a gravação do novo disco do cantor (Foto: Mario Canivello/Divulgação)O maestro Luiz Claudio Ramos (à esq.) conversa com Chico Buarque no estúdio durante a gravação do novo disco do cantor (Foto: Mario Canivello/Divulgação)
Google Maps
"Nina" é o momento mais melancólico do álbum, talvez a canção mais delicada do repertório de "Chico". Este clima é reforçado pelo violoncelo de Hugo Pilger e do acordeão de Marcos Nimrichter. Na valsa, o cantor mostra que está atualizado em relação às novas tecnologias fazendo sutis referências ao site Google Maps, que disponibiliza na internet mapas detalhados de quase todos os cantos do planeta ("Nina diz que se quiser eu posso ver na tela / A cidade, o bairro, a chaminé da casa dela").
"Barafunda" levanta o astral do disco mais uma vez. Aqui o piano de João Rebouças e a bateria de Jurim Moreira são o fio condutor do samba que brinca com lapsos de memória do narrador num jogo de palavras formado por substantivos próprios. Nomes de bairros, mulheres, personalidades e países se misturam aos de jogadores de futebol, assunto que permanece entre as paixões do compositor.
João Bosco e seu violão aparecem como convidados em "Sinhá", última faixa do disco. Reforçada pela percussão de Armando Marçal, a parceria Bosco/Buarque traz uma letra dramática e melodia triste em tom menor sobre os tempos da escravidão: "Para que me pôr no tronco / Para que me aleijar / Eu juro a vosmecê / Que nunca vi sinhá".
Ainda não se sabe se o público vai poder conferir ao vivo o repertório de "Chico". De acordo com a assessoria de imprensa do cantor, o músico ainda não decidiu se vai sair em turnê para divulgar o novo trabalho. Além de rever Chico Buarque no palco, seria ainda uma boa oportunidade para ver as novas canções integradas ao restante de sua obra.
Veja o repertório completo de "Chico":
1 - "Querido diário"
(Chico Buarque)

2 - "Rubato"
(Jorge Helder/Chico Buarque)

3 - "Essa pequena"
(Chico Buarque)
4 - "Tipo um baião"
(Chico Buarque)
5 - "Se eu soubesse", com part. especial de Thais Gulin
(Chico Buarque)
6 - "Sem você 2"
(Chico Buarque)
7 - "Sou eu", com participação de Wilson das Neves
(Ivan Lins/Chico Buarque)
8 - "Nina"
(Chico Buarque)
9 - "Barafunda"
(Chico Buarque)
10 - "Sinhá", com part. especial de João Bosco
(João Bosco/Chico Buarque)
http://blogdoturiba.blogspot.com.br/2011_07_01_archive.html

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