terça-feira 19 2013

Novos estudos reforçam vínculo entre bebidas açucaradas e obesidade


Alimentação

Pesquisas sugerem que refrigerantes e sucos com açúcar podem afetar o funcionamento dos genes, aumentando a pré-disposição para engordar

Refrigerante em lata
Refrigerante e outras bebidas com adição de açúcar estão associadas à epidemia de obesidade nos Estados Unidos, afirmam novos estudos (Thinkstock)
Três novos estudos publicados neste fim de semana reforçam o vínculo entre a ingestão de bebidas com adição de açúcar, como refrigerantes e sucos artificiais, e a epidemia de obesidade nos Estados Unidos. Segundo os autores dessas pesquisas, que foram divulgadas na edição online do periódico New England Journal of Medicine, o consumo desses produtos no país mais que dobrou desde os anos 1970, assim como a taxa de obesidade entre os americanos no mesmo período, que afeta atualmente 30% da população adulta.
O primeiro estudo, feito pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, com mais de 33.000 americanos, homens e mulheres, indicou que consumir essas bebidas açucaradas pode agir nos genes, afetando o peso e ampliando a pré-disposição genética de uma pessoa a engordar. Para chegar a essa conclusão, a equipe usou as 32 variações de genes conhecidos por influenciar no peso com a finalidade de estabelecer um perfil genético dos participantes do estudo. Os autores determinaram também seus hábitos alimentares, de consumo de bebidas açucaradas e de práticas de exercícios baseados nas respostas a um questionário durante quatro anos.
Hábitos mais saudáveis — Os outros dois estudos demonstraram que o fato de dar a crianças e adolescentes bebidas sem calorias, como água mineral ou refrigerantes com adoçantes, levaram a uma perda de peso. Uma dessas pesquisas foi feita no Hospital Infantil de Boston com 224 adolescentes obesos ou que tinham excesso de peso, aos quais os cientistas mandaram regularmente a domicílio garrafas d'água ou refrigerantes light. Os pesquisadores também os incentivaram a consumir essas bebidas durante um ano, período de duração do estudo. Esses adolescentes não tiveram ganho de peso superior a 1,5 quilo durante este prazo, contra um aumento médio de 3,4 quilos observado no grupo que consumiu refrigerantes normais.
A última pesquisa que chegou a conclusões semelhantes foi realizada por cientistas da Universidade VU de Amsterdã, na Holanda, com 641 crianças com idades entre 4 e 11 anos com peso normal. Metade desses participantes consumiu diariamente um quarto de litro de bebidas de frutas açucaradas e o restante, a mesma quantidade de bebidas, mas com adoçantes no lugar do açúcar. Após 18 meses, as crianças que consumiram bebidas de baixas calorias ganharam 6,39 quilos em média. No grupo que ingeriu bebidas de frutas açucaradas houve um aumento de 7,36 quilos.
"Tomados em conjunto, esses três estudos parecem indicar que as calorias provenientes de refrigerantes e bebidas de frutas fazem diferença", destacou, em um editorial que acompanhou as pesquisas, a doutora Sonia Caprio, do serviço de Pediatria da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Segundo ela, "chegou o momento de agir e apoiar vigorosamente a implementação das recomendações das instituições médicas para reduzir o consumo de refrigerantes e outras bebidas açucaradas entre crianças e adultos."
A American Beverage Association/ABA, grupo profissional que representa a indústria de refrigerantes e bebidas de frutas, rejeitou vigorosamente as conclusões destes estudos. "A obesidade não se deve unicamente a um só tipo de comida ou bebida", escreveu a ABA em um comunicado, destacando que "as bebidas açucaradas têm um papel menor na alimentação dos americanos" e não representam, em média, mais que 7% das calorias absorvidas pelas pessoas nos Estados Unidos.

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