sábado 08 2014

Senado: derrotados gastaram até 9 vezes mais que eleitos

Eleições 2014

Cenário em nove Estados e no Distrito Federal contraria a média nacional: campanhas fracassadas custaram R$ 36,8 mi a mais do que as vitoriosas

Eduardo Gonçalves
A fachada do Congresso Nacional: nem sempre maior gasto significa mais votos
A fachada do Congresso Nacional: nem sempre maior gasto significa mais votos (Rodolfo Stuckert/Agência Câmara/VEJA)
Se na média nacional os candidatos eleitos ao Senado gastaram 4,3 vezes mais do que os que não garantiram vaga no Congresso, o cenário em nove Estados e no Distrito Federal contraria a regra: em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Norte, Sergipe, Roraima, Rondônia e no DF candidatos derrotados fizeram campanhas 36,8 milhões de reais mais caras do que dos eleitos, mostra levantamento do site de VEJA com base nas prestações de conta dos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral. No DF, a campanha de José Antonio Reguffe (PDT-DF) custou nove vezes menos do que a do petista Geraldo Magela – e resultou na vitória do pedetista.
Reguffe despendeu apenas 381.162 reais para garantir uma vitória massacrante sobre os adversários Gim Argello (PTB) e Magela, que gastaram 1,4 milhão e 3,8 milhões de reais, respectivamente. Dentre os gastos normais com produção e impressão de material de campanha, Argello chegou a gastar mais de 84.000 reais com cabos eleitorais, e Magela, mais de 158.000 com correspondências por correio. Em abril, Argello era um dos preferidos do governo Dilma a assumir uma vaga no Tribunal de Contas da União, mas acabou desistindo do cargo diante da forte resistência de senadores oposicionistas. 
Outro exemplo emblemático é o do presidente do PSD, Gilberto Kassab. O ex-prefeito da capital paulista ocupou a terceira colocação na disputa pela vaga no Senado por São Paulo com uma campanha que custou 15,2 milhões de reais – um "custo" médio de 13 reais por eleitor. O senador eleito José Serra (PSDB) gastou 10,9 milhões e o segundo colocado Eduardo Suplicy (PT), 4,7 milhões.
O dinheiro arrecadado por Kassab foi usado majoritariamente para produzir programas de TV e rádio, e imprimir material de campanha, mas também serviu para cobrir outras despesas, como viagens de táxi aéreo e um repasse de 20.000 de reais para a campanha do candidato ao governo paulista Paulo Skaf (PMDB), com quem dividiu a chapa. Apesar do revés, Kassab conseguiu eleger 37 deputados federais do PSD, conseguindo a quarta maior bancada na Câmara dos Deputados. Por causa dessa conquista, ele é apontado como um dos possíveis nomes para o Ministério das Cidades.
No Rio de Janeiro, a situação foi semelhante. Enquanto o deputado federal Romário (PSB) investiu 1,1 milhão de reais pela vaga no Senado, o ex-prefeito do Rio César Maia (DEM), segundo colocado, gastou 6,1 milhões de reais. Com a derrota por 20,5% a 63,43% dos votos válidos, ele ainda amargou uma dívida de 1,7 milhão. O quinto colocado na disputa, o ex-ministro Carlos Lupi (PDT), "faxinado" do governo Dilma em meio a escândalos de corrupção, gastou 2,5 milhões de reais, quase o dobro de Romário.
Sul - O candidato do PMDB ao Senado pelo Paraná, Marcelo Almeida, mesmo tendo desembolsado 6,4 milhões de reais, não conseguiu impedir o triunfo acachapante do tucano Alvaro Dias, que despendeu 2,8 milhões – Dias ganhou com 77% dos votos válidos, enquanto Almeida ficou na terceira colocação, com 8,7%. Nos outros dois Estados do Sul o cenário se repetiu: Lasier Martins (PDT) ganhou no Rio Grande, com um investimento de 866.051 reais, enquanto Olívio Dutra (PT) gastou 1,5 milhão. Dario Berger (PMDB) foi eleito em Santa Catarina com uma campanha de 2 milhões de reais, quatro milhões a menos do que o desembolsado pelo seu opositor Paulo Bornhausen (PSB).
Norte e Nordeste - Eleito com 41% dos votos, Telmário Mota (PDT)  gastou apenas 239.805 reais para vencer as eleições em Roraima. Seus adversários, o deputado federal Luciano Castro (PR) e o ex-governador do Estado José de Anchieta Junior, que abdicou do cargo para concorrer à vaga no Senado, gastaram 2,8 e 1,3 milhões de reais, respectivamente.
Em Rondônia, Acir Gurgacz (PDT) ganhou a disputa com uma pequena diferença – de 50.000 reais – em relação aos gastos de campanha da terceira colocada, Ivone Cassol (PP). Ele desembolsou 4.215.417 reais, e ela, 4.266.801 reais. Em Sergipe, Maria do Carmo (DEM) levou a vaga no Congresso com uma campanha avaliada em 3 milhões de reais, enquanto o segundo colocado, Rogério Santos (PT), gastou 5,1 milhões. No Rio Grande do Norte, a petista Maria de Fátima, eleita, gastou um terço do que a adversária Wilma Maria de Faria (PSB) desembolsou na campanha: 3,4 e 9,3 milhões de reais, respectivamente.

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