quarta-feira 26 2014

Lava Jato detecta rede de operadores do PMDB no petrolão

Investigação

Lobista Fernando Baiano era apenas um dos que recolhiam propina ao partido, segundo jornal. Até Paulo Roberto Costa, indicado pelo PP, atuou para a sigla

CPI mista da Petrobras recebe ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, no Congresso Nacional, em Brasília (DF) - 17/09/2014
CPI mista da Petrobras recebe ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, no Congresso Nacional, em Brasília (DF) - 17/09/2014 (Ueslei Marcelino/Reuters)
Investigações da Operação Lava Jato detectaram que o PMDB tinha uma rede de operadores no esquema do petrolão, segundo reportagem desta quarta-feira do jornal O Estado de S. Paulo. Enquanto PP e PT contavam com um operador em diretorias da Petrobras comandadas por indicados pelas siglas, o PMDB atuava em diversas frentes – cada uma, com um interlocutor em diretorias da estatal.
De acordo com a reportagem, os dados obtidos pela força-tarefa que apura os desvios na Petrobras indicam que o modelo de atuação peemedebista na estatal reproduzia a organização descentralizada da sigla, dividida entre diversos caciques. Cada operador reportava-se a uma pessoa ou grupo de poder, e não ao partido como um todo.
Em setembro, VEJA revelou que o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa havia citado em sua delação PP, PT e PMDB como os principais beneficiários do propinoduto na Petrobras. O ex-diretor detalhou, ainda, que o dinheiro do esquema irrigou as campanhas das três legendas nas eleições de 2010.
Em depoimento à Justiça Federal do Paraná, Costa afirmou que operador da propina que cabia ao PMDB era o lobista Fernando Soares, também conhecido como Fernando Baiano – preso desde segunda-feira na carceragem da PF no Paraná. “Dentro do PT a ligação que o diretor de serviços tinha era com o tesoureiro na época do PT, o senhor João Vaccari. A ligação era diretamente com ele. Do PMDB, da Diretoria Internacional (comandada por Nestor Cerveró), o nome que fazia essa articulação toda chama Fernando Soares”, afirmou.
As investigações, segundo a reportagem, mostram que a atuação do lobista na Diretoria Internacional, então comandada por Nestor Cerveró, favorecia apenas uma ala da sigla. O próprio Costa afirmou em depoimento que passou a operar para o partido após um acordo para permanecer no cargo. Na ocasião, o delator do petrolão havia se afastado do trabalho para tratar problemas de saúde. O PMDB, então, se preparou para indicar como substituto Alan Kardec, ex-gerente-executivo do setor. O partido tem negado quaisquer ligações com Baiano ou com o esquema de corrupção na estatal.

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