terça-feira 04 2014

'Blocão' manterá governo Dilma sob pressão na Câmara

Congresso

Grupo de parlamentares que emparedou o Planalto no começo do ano está de volta. E quer Eduardo Cunha no comando da Casa

Marcela Mattos, de Brasília
Deputado Eduardo Cunha
Deputado Eduardo Cunha (Lúcio Bernardo Jr/Agência Senado/VEJA)
A presidente reeleita Dilma Rousseff seguirá na mira do chamado "blocão" – grupo de parlamentares capitaneado pelo deputado Eduardo Cunha, líder do PMDB, que emparedou o Palácio do Planalto no começo deste ano. Em novo passo para pavimentar sua candidatura à presidência da Câmara dos Deputados, Cunha reuniu nesta terça-feira líderes de quatro partidos para retomar a atuação do bloco. Com uma representação que, por ora, pode chegar a 152 integrantes, o peemedebista trabalha para oficializar o grupo – o que aumentaria a força e o poder de influência do bloco na Câmara e, ao mesmo tempo, daria mais respaldo a ele durante a campanha e em um eventual mandato no comando da Casa.
Participaram do encontro, promovido no apartamento de Cunha, os líderes Jovair Arantes (PTB-GO), Bernardo Santana (PR-MG), André Moura (PSC-SE) e Fernando Francischini (SD-PR), este o único formalmente de oposição ao governo petista. Também estavam na reunião o presidente do Solidariedade, Paulinho Pereira, e o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). Outras lideranças devem ser convidadas a integrar o bloco já na próxima semana. 
Após o almoço, os líderes informaram que vão consultar as bancadas para definir um posicionamento na eleição do novo presidente da Câmara em 2015 e a possibilidade de formalizar o “blocão”. A ideia, nas palavras de Cunha, foi recebida com “total simpatia” pelos congressistas. “Não há candidatura que possa ser feita sem construção. Bloco para eleição é uma coisa, para atividade parlamentar, outra. Estamos conversando”, afirmou. O parlamentar voltou a afirmar que o clima não está favorável para uma hegemonia do PT também na Câmara. Nos bastidores, lideranças petistas tentam encontrar um nome fora do partido que poderia encabeçar uma candidatura para medir forças com Cunha.
“Só falta um pouco para ele [Eduardo Cunha] ganhar. É um bom começo. Acho que o PT não deve ter candidato. E, se tiver, será um candidato para ser derrotado”, afirmou Paulinho Pereira. O presidente do Solidariedade já dá como definido o apoio do partido ao peemedebista e diz que a posição será mantida inclusive diante de uma candidatura própria da oposição. “A candidatura do Eduardo é a única com potencial de não deixar a Câmara totalmente atrelada ao Planalto. O partido prefere somar força com alguém que não seja alinhado ao governo”, continuou o deputado Fernando Francischini.
Pressão – Em campanha, Cunha tem tentado jogar panos quentes sobre a conturbada relação mantida com o Palácio do Planalto para atrair o voto de governistas. “Não há divergências. Se a gente não pode divergir, não há democracia”, disse, ressaltando que já participou de várias reuniões com a presidente Dilma Rousseff, quando chegou, inclusive, a ser "convencido" por ela em determinadas ocasiões.
Ainda assim, a atuação do “blocão” já começa dando dor de cabeça ao Planalto. O grupo anunciou posição favorável à proposta que aumenta o repasse para o Fundo de Participação dos Municípios, projeto que traria impacto nas contas públicas, e também à Proposta de Emenda à Constituição do Orçamento Impositivo, que obriga o governo a liberar as emendas parlamentares na íntegra. Sobre a PEC, somente não há consenso em relação a um destaque que pretende diminuir o repasse para a saúde.

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