sábado 13 2014

Os políticos sem mordomia existem. Quem são e onde vivem Mário Sérgio Lorenzetto

Quem imaginou que existe algum político brasileiro que possa receber o título de "sem mordomia" acredita em Papai Noel e saci-pererê. Não, os políticos "sem mordomia" são os suecos. Considerados, junto com os da Nova Zelândia e Dinamarca, como os mais frugais do mundo.
Os deputados federais suecos recebem uma ajuda de custo de R$ 350 e se fizerem parte de uma comissão, o recebimento chega a R$ 790. Isso representa algo como 10% do salário médio de um trabalhador que ganha R$ 7,5 mil mensais. Seus colegas brasileiros recebem salário de R$ 26.723 acrescente uma ajuda de custo de aproximadamente R$ 34.200 (variável conforme o Estado que representa). Coloque na equação, sempre somando, assistência médica, assessores particulares, carro, telefone, combustível, apartamento, empregada doméstica...
Os parlamentares suecos não têm direito a nada disso. Usam seus próprios veículos ou andam de transporte público.
Mas a turma do Poder Judiciário sueco também compartilha da mesma frugalidade dos parlamentares - não têm carros à disposição e muitos vão ao trabalho de bicicleta. Da para acreditar um Ministro do STF brasileiro andando de bicicleta?
Até o primeiro-ministro da Suécia segue as mesmas regras. Esse cargo, que corresponde ao de nosso presidente da República, é muito bem remunerado: R$ 45.000. Mas lava e passa a própria roupa, faz a faxina da casa e lava as louças.
Os vereadores suecos também não recebem salário. Só uma ajuda de custo para telefonemas de R$ 65 por mês. Vereador "pobre" no Brasil ganha acima de R$ 5.000 com muitos recebendo em torno de R$ 20.000. Eles que são "assistentes sociais de luxo" deixam a forte sensação para os colegas estrangeiros "que fazem a coisa por interesse próprio" como declarou a jornalista Claudia Wallin.
No Brasil, os escândalos políticos envolvem muito dinheiro. Na Suécia é o contrário. Uma deputada sueca escandalizou a sociedade ao ser fotografada portando uma bolsa Louis Vuitton no valor de R$ 2.000. A indignação foi tamanha que a deputada acabou leiloando a bolsa e doando a renda a uma instituição. No Brasil, vereadora de cidade minúscula tem mais de uma bolsa desse padrão. Bem, a diferença é que a Suécia é um país "muito pobre".
A modéstia dos suecos é histórica. Eles são um dos países mais igualitários do mundo. Já na Idade Média, os trabalhadores rurais tinham lugar no Parlamento, fato inédito na Europa toda.

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