terça-feira 10 2014

PMDB deve confirmar apoio a Dilma nesta terça – a fatura virá depois

Eleições 2014

Convenção Nacional do partido confirmará apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, com Michel Temer na vice

Marcela Mattos, de Brasília
 Dilma Rousseff durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, em Brasília
Dilma Rousseff durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do Planalto, em Brasília(Reuters)
Pivô de uma série de rebeliões no Congresso Nacional, o PMDB caminha para confirmar, em Convenção Nacional nesta terça-feira, a reedição da aliança com a presidente Dilma Rousseff na corrida eleitoral deste ano. Mesmo rachado, o partido que comandou a criação de um grupo de dissidentes deve bater o martelo pelo apoio à reeleição de Dilma. Com a dobradinha, a petista terá o tempo de propaganda eleitoral ampliado em cerca de seis minutos. Mas o benefício não sairá de graça: em troca, os peemedebistas devem aumentar a pressão por – mais – cargos influentes no governo.
Nos últimos dias, o vice-presidente da República, Michel Temer, disparou telefonemas para fazer apelos pela manutenção da aliança com Dilma. Nesta segunda-feira, ele compareceu à Câmara dos Deputados para mais uma investida. “Quem for convencional, evidentemente eu peço voto. Quem não for, faça uma boca de urna”, clamou durante convenção do PMDB Afro.
Os mais próximos a Temer, entre eles o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e o presidente em exercício do partido, senador Valdir Raupp (PMDB-RO), projetam que a coligação com a petista receberá o aval de 70% a 80% dos delegados. No entanto, cálculos feitos pela ala rebelde da sigla estimam que a briga deve ser acirrada: há a expectativa de 340, em um universo de 742, votos de dissidentes. “Deputado, quando é eleito, é até por diferença de dois votos. Para nós, basta a vitória”, rebateu Temer.
Em uma aliança marcada pelo fisiologismo e pela recorrente ameaça de rompimento, o preço pelo apoio dos peemedebistas já está posto. No comando de cinco ministérios, o partido pleiteia uma pasta mais robusta, como Saúde e Integração. Além disso, o PMDB busca maior visibilidade dentro do governo, participando de secretarias prioritárias e ingressando com maior representatividade na campanha eleitoral.
“O sentimento da base partidária não é o da cúpula. A cúpula se moldou ao modelo petista e tem participado do banquete, mas não pode sacrificar a base do partido. Isso vai potencializar ainda mais a dissidência interna. Mais quatro anos de Dilma é a transformação do Brasil em um país sem crédito. Ninguém pode deixar que a pecha do fisiológico e do patrimonialismo de novo venha a macular a imagem do PMDB”, afirmou o deputado Danilo Forte (CE), um dos que defendem o rompimento com o governo petista. Nos bastidores, nem mesmo a promessa de mais espaço no alto escalão tem convencido os parlamentares descontentes: “Por que agora as coisas seriam diferentes? A Dilma precisa da gente agora, mas mesmo assim não cumpre o que promete. Depois ela não vai poder se reeleger e nada vai mudar”, diz um deputado peemedebista.
A crise chegou ao auge neste ano. Com o líder na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), à frente, o partido articulou a união de parlamentares descontentes para pressionar o Planalto sob a ameaça de derrotar projetos prioritários. Mais: Cunha protagonizou um embate virtual com o presidente nacional do PT, Rui Falcão, por meio do Twitter. O parlamentar carioca defendeu que a aliança com o partido deveria ser repensada, e foi chamado de “chantagista” pelo dirigente petista.
Alianças – Além das disputas internas, as alianças estaduais têm grande peso nos votos desta terça. O PMDB planeja consolidar até vinte candidaturas próprias nas eleições deste ano, e eleger pelo menos dez governadores, de acordo com Valdir Raupp. São justamente os votos oriundos de Estados onde o PT também está no páreo que tendem a questionar a aliança com Dilma. Entre eles está o Rio de Janeiro, que teve o apoio informal dos peemedebistas declarado na semana passada. O voto no Estado representa 10% do total na convenção de hoje. Os partidos também estão divididos em pelo menos outros treze Estados, como Bahia e Minas Gerais.
Mesmo gripada, a presidente decidiu fazer um afago nos peemdebistas e confirmou presença na convenção. No entanto, para fugir de possíveis constrangimentos de estar diante de discursos inflamados contra a aliança, Dilma só deve chegar no final do evento, quando o resultado já tiver sido anunciado.

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