segunda-feira 29 2013

Quando a música jamaicana encontra o jazz:

Ernest-Ranglin
Ernest Ranglin: jazz jamaicano (Foto: divulgação)
Por Daniel Setti
Realizado nos últimos dias 5 e 6 no belo Parc del Fòrum, em Barcelona, a sexta edição do festival Cruilla reuniu 31 mil pessoas. O eclético público, formado por desde crianças que pisavam pela primeira vez em um grande evento de música a animados cinquentões, passando por garotos com cabelo rastafari-mullet, pôde conferir uma também variada programação composta por 34 artistas.
Afinal, não é qualquer festival que se propõe a alternar a música festival dos Balcãs do sérvio Goran Bregović com o hip-hop comercial do americano Snoop Dogg ou o haitiano Wyclef Jean, tendo como outras posibilidades o glam rock dos ingleses do Suede, o “anti-folk” do veterano inglês Billy Bragg ou o indie rock da americana Cat Power. O Cruilla também se diferencia por seus preços baixíssimos (nos primeiros meses de venda, os pacotes com entradas para os dois dias saía por incríveis 25 euros).
Ernest Ranglin
Entre os melhores momentos esteve a apresentação do mítico guitarrista jamaicano Ernest Ranglin e seu quarteto. Aos 81 anos, Ranglin é um dos mais importantes e experimentados músicos oriundos da ilha caribenha em atividade. Foi escalado de última hora em subistuição a outro baluarte dos sons da Jamaica, Toots & The Maytals.
Dono de um estilo elegante e expressivo de certa forma semelhante ao de lendas do jazz como Wes Montgomery (1923-1968), Ranglin testemunhou, no decorrer de seus mais de 50 anos de carreira, praticamente todos os grandes acontecimentos da rica história da música jamaicana moderna: tocou e produziu para selos fundamentais como Studio One e Island, e colaborou com nomes transcendentais do porte de Skatalites, Prince Buster e Bob Marley.
Ranglin tem como marca registrada em seus trabalhos solos o híbrido entre jazz e ritmos jamaicanos, um estilo pouco difundido comercialmente, mas que cativa imediatamente ouvidos minimamente abertos. E foi este o tom de seu show no Cruilla, no qual mostrou estar em plena forma, a pesar da idade avançada. Infelizmente não há vídeos ou fotografias disponíveis desta performance em particular, mas no clipe abaixo, extraído do DVD Order of Distinction (2007), é bem possível ter uma ideia do talento deste “jovem”.
A faixa é “Satta Massagana”, de B. Collins, D. Manning e  L. Manning, lançada originalmente em 1976 no álbum homônimo do grupo de reggae Abyssinians. Ao piano temos o não menos lendário Monty Alexander, seu velho colaborador, também jamaicano.

Nenhum comentário: