sábado 20 2013

Entrevista com o grupo Hanson: ‘A fama pode ser fatal’

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Hanson Brothers, no Rio: fãs de todas as idades. Foto: AgNews
Em meados dos anos 90, três irmãos adolescentes do interior dos Estados Unidos viraram um fenômeno mundial. Loirinhos e bonitinhos, os Hanson despertavam simpatia pelo talento precoce e canções-grude (quem não lembra de MmmBop, um dos hits do grupo?). Depois de dois anos longe dos palcos brasileiros, Zachary, de 27 anos, Taylor, de 30, e Isaac, de 32, estão de volta para shows no Rio e São Paulo neste sábado e domingo. Com 21 anos de carreira, eles têm novos projetos—o novo álbum, Anthem, disponível apenas online, e uma marca de cerveja premium, a Mmmhops. O encontro com os irmãos Hanson, no hotel onde se hospedam, no Rio, revelou três músicos afinados e nada deslumbrados. Ao final da entrevista, inspirados pela vista do mar do Leblon, Zachary puxou e o trio começou a cantarolar Beatles: All My Loving. Um show à parte. A seguir, o meu bate-papo com eles:
- O Brasil está vivendo uma onda de manifestações contra a corrupção, a baixa qualidade da educação… Boa parte desses manifestantes são jovens da faixa etária que vocês. O que diriam a eles?
Zachary: É correto lutar pela justiça e contra a corrupção que, aliás, é um mal que se alastra pelo mundo todo. O objetivo dos governos deve ser garantir que todos tenham chances iguais de desenvolver seus talentos e a educação é uma ferramenta poderosa para isso. O que não se pode garantir é que as oportunidades proporcionem a todos o mesmo resultado, o mesmo sucesso. O mundo não é assim. Até porque as pessoas têm capacidades, biologia e dedicação diferentes.
Isaac: Estamos em um período histórico muito interessante, em que as ferramentas do aprendizado não se restringem apenas à educação formal. Isso abre portas. Com a Internet, ficou mais fácil encontrar informações relevantes e acessar o conhecimento. Querer aprender também é uma responsabilidade de cada indivíduo.
- Tiveram algum receio de vir para cá quando souberam dos protestos?
Taylor: Ficamos preocupados, sim. Mas nunca em relação à nossa segurança. Apenas nos questionamos se seria desrespeitoso ou inadequado fazer um show. Não sabíamos se haveria, por exemplo, impedimentos para que as pessoas conseguissem chegar ao local das apresentações.
Zachary: Quando disseram que haveria condições de realizar os shows, sabíamos que era o certo a fazer. Sempre fomos muito bem-recebidos no Brasil. A música é um bom instrumento para unir as pessoas e ajudar a atravessar tempos difíceis.
- Isaac tem dois filhos, Taylor, cinco, e Zac, três. Se os seus filhos dissessem que querem ser cantores famosos como vocês, o que diriam a eles?
Isaac: Eu diria um sonoro ‘não!’ [risos]. Brincadeiras à parte, se o talento deles for a música, é preciso se dedicar e estar conectado com a música. Querer ser famoso jamais pode ser o foco, é algo vazio.
Taylor: A fama não pode ser o objetivo. A possibilidade de exercer um dom, de se conectar com a música, sim. Querer a fama pela fama é perigoso, pode ser fatal.
- Suas novas músicas estão disponíveis apenas online. As mídias digitais facilitam que uma banda como a de vocês se mantenha no mercado?
Zachary: É um caminho que possibilita a sobrevivência de bandas independentes. Ao dispensar várias etapas do processo, como a produção de CDs e distribuição, por exemplo, os custos e riscos são menores.
Taylor: Acho que é uma questão de ‘para onde caminha o mercado’. É uma ferramenta incrível.
- Como surgiu a ideia de criar uma marca de cerveja própria?
Taylor: A ideia foi mais minha e do Isaac, que somos grandes apreciadores da bebida. Nos Estados Unidos, há um movimento de pequenas cervejarias criarem produtos premium e essa tendência nos chamou atenção. A ‘Mmmhops’ [inspirada no maior hit da banda] é uma cerveja encorpada, com teor alcoólico alto e bastante malte. Virou uma paixão.
- Qual a maior loucura que uma fã brasileira já fez por vocês?
Isaac: Em 2000, estávamos em São Paulo e tínhamos um encontro com o público em um shopping, eu acho. Não esqueço a minha surpresa ao saber que algumas fãs tinham passado a noite escondidas embaixo dos carros, no estacionamento do lugar, para nos ver de perto.
Zachary: Temos muitas fãs que nos acompanham desde aquele tempo aqui. E algumas do Brasil, da Europa e Japão, por exemplo, que costumam viajar para nos ver em outros países. Isso é muito especial. As fãs brasileiras sempre foram carinhosas conosco.

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