terça-feira 09 2013

Pesquisa descobre nova relação entre consumo de carne vermelha e risco cardiovascular


Coração

Digestão do nutriente L-carnitina, presente na carne, resulta na produção de uma substância que aumenta riscos de entupimento dos vasos sanguíneos

Consumo de carne vermelha aumenta riscos de desenvolvimento da aterosclerose
Consumo de carne vermelha aumenta riscos de desenvolvimento da aterosclerose (Thinkstock)
Não bastasse a gordura e o colesterol, cientistas descobriram mais uma razão pela qual o consumo de carne vermelha aumenta o risco para doenças cardiovasculares. Segundo uma pesquisa publicada na edição desta semana da revista Nature Medicine, ao metabolizar uma substância abundante nas carnes vermelhas, bactérias do aparelho digestivo humano produzem uma substância que favorece o acúmulo de gordura nas paredes arteriais. Esse processo, por sua vez, desencadea uma reação inflamatória chamada de aterosclerose (entupimento dos vasos sanguíneos).
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Intestinal microbiota metabolism of L-carnitine, a nutrient in red meat, promotes atherosclerosis

Onde foi divulgada: periódico Nature Medicine

Quem fez: Robert A Koeth, Stanley L Hazen e equipe

Instituição: Cleveland Clinic, EUA

Resultado: Quando metabolizado pelas bactérias do intestino, a carnitina, um composto abundando em carnes vermelhas, produz uma substância chamada de TMAO. Essa substância é responsável por aumentar as chances de aterosclerose, caracterizada pela obstrução dos vasos sanguíneos — o que pode levar ao infarto.
Abundante nas carnes vermelhas, a L-carnitina é um nutriente natural do alimento. Ela também está presente em bebidas energéticas e pode ser consumida como suplemento alimentar, com a promessa de ajudar na queima de gordura e no emagrecimento mais rápido. Os resultados da pesquisa, porém, mostraram que um consumo excessivo da substância pode ser prejudicial à saúde. Não por conta da L-carnitina diretamente, mas de uma substância derivada dela, chamada TMAO (Trimethylamine N-oxide, ou, em português, N-óxido de trimetilamina).
Pesquisa — Em uma série de experimentos comparativos, os cientistas demonstram que há uma relação direta entre a produção de TMAO e o risco elevado de doenças cardiovasculares. "Um risco que ainda não está totalmente quantificado, mas que “parece ser bastante significativo"”, segundo o autor principal do estudo, Stanley Hazen, do Departamento de Medicina Celular e Molecular da Cleveland Clinic, em Ohio.
“Há tempos já se sabe que há um fator de risco para doenças cardiovasculares associado ao consumo de carne vermelha. A presença das gorduras saturadas e do colesterol, no entanto, não são suficientes para explicar esse risco aumentado. "O que estamos mostrando nesse estudo é um novo mecanismo que ajuda a explicar por que esse risco existe"”, disse Hazen. “"Agora temos mais uma coisa para prestar atenção, e mais um mecanismo no qual podemos intervir na busca de tratamentos.”"
As análises foram realizadas com camundongos e seres humanos, incluindo comparações entre veganos, vegetarianos e onívoros. Os resultados indicam fortemente que, quanto maior o nível de TMAO no organismo, maior o risco de desenvolver aterosclerose e outras doenças cardiovasculares. Isso porque o TMAO altera a maneira como o colesterol e os esteroides são metabolizados, e inibe um processo chamado “transporte reverso de colesterol”, o que resulta num aumento do acúmulo de gordura nas paredes internas das artérias — mesmo que os níveis de colesterol circulante no sangue continuem normais. “"Talvez isso explique por que algumas pessoas desenvolvem aterosclerose mesmo sem ter colesterol alto”."

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