quarta-feira 27 2012

OLGA


008 - “OLGA”
Camila Morgado e Rita Buzzar 

Maior sucesso atual do cinema brasileiro, “Olga”, dirigido por Jayme Monjardim estreou fazendo no primeiro final de semana público superior a outro sucesso recente, “Cazuza, o tempo não pára”, de Sandra Werneck e Walter Carvalho.
 Adaptação cinematográfica do arrebatador livro homônimo do jornalista Fernando Morais, “Olga” marca a estréia em longa-metragem de Jayme Monjardim, diretor de novelas de sucesso na extinta Rede Manchete, “Pantanal”, e na Globo, “O Clone”.  Tanto por trás de “Cazuza, o tempo não pára” como em “Olga”, está o braço da produtora Globo Filmes, e por isso, além do sucesso dos dois filmes, a semelhança no tom televiso dado às obras.
 Se em “Cazuza, o tempo não pára” Werneck e Carvalho optaram por uma estética um tanto suja para narrar a vida do polêmico roqueiro, e em “Olga” Monjardim adotou a clássica, o que se vê em comum nos dois títulos é a simplificação do objeto focado. Em “Cazuza” quase não se acrescenta nada ao já sabido, mas os diretores alegaram que há uma nova geração que não conheceu de perto o poeta do rock.
 Já em “Olga” a simplificação fica mais exacerbada, pela opção da roteirista, e também produtora, Rita Buzar, e do diretor Jayme Monjardim de focar a história de Olga Benário pelo viés particular, privado, deixando, em segundíssimo plano, o contexto histórico. Como está registrado na história e no belo livro de Morais, Olga é uma judia alemã que adere com paixão ao comunismo, sai da Alemanha nazista para a Rússia, onde integra a Juventude Comunista e faz treinamento militar para se tornar uma revolucionária. Designada pelo Regime, ela é enviada para o Brasil acompanhando e protegendo o líder comunista brasileiro Luiz Carlos Prestes, em sua missão de fazer uma revolução comunista em solo brasileiro.
 Durante a jornada os dois se apaixonam, vivem o fracasso da tentativa da revolucão no Brasil em 1935, sendo ele preso e ela, por fim, enviada por Getúlio Vargas grávida à Alemanha de Hitler. Meses depois de dar à luz a filha Leocádia, Olga é enviada para um campo de concentração, Ravensbruck, onde é executada na câmera de gás.
 Só que essas são as linhas gerais da história de Olga, já que toda essa trajetória está contextualizada em um dos momentos políticos mais efervescentes do Brasil, como o Estado Novo, o Tenentismo e a Intentona Comunista.
 Para viver Olga Benário, Jayme Monjardim escalou a atriz Camila Morgado, revelada ao grande público na minissérie que dirigiu, “A Casa das Sete Mulheres”. Atriz de sucesso no teatro paulista, com passagens pelo teatro de Gerald Thomas e Antunes Filho, Camila Morgado é boa atriz e compõe com paixão a interpretação da revolucionária. Caco Ciocler como Luis Carlos Prestes, Floriano Peixoto como Filinto Muller e Luíz Mello como Leo Benário são as boas presenças entre o elenco masculino.
 Há tempos que se ouvia falar da adaptação cinematográfica de “Olga”, que seria vivida por Patrícia Pillar e dirigida por Luiz Fernando de carvalho. Olga parecia ser o papel da vida de Patrícia Pillar, tantas vezes confesso, mas que depois abandonou o projeto com a mudança da equipe. Camila Morgado, por sua vez, agarrou a personagem com disposição, realmente, uma das mais interessantes da história política brasileira, fazendo, inclusive, treinamento militar para dar verossimilhança a interpretação da personagem.
 Fernanda Montenegro, que parece de vez apaixonada pelo cinema, já que anda fazendo um filme atrás do outro, faz a mãe de Prestes, Dona Leocádia, e Mariana Lima a irmã, Lígia. No elenco feminino, as boas presenças de Eliane Giardini como Eugenie, mãe de Olga; Jandira Martini, como Sarah, companheira de Olga no campo de concentração; Renata Jesion, como Sabo, militante comunista torturada pela ditadura e enviada para a Alemanha; Milena Toscano como Hannah, a revoltada jovem do campo de concentração; Sabrina Greve como Elza, executada pelo partido comunista; Maria Clara Fernandes como Carmen, militante torturada pela ditadura e Leona Cavalli como Maria.
 No extenso elenco feminino, Fernanda Montenegro mostra o talento de sempre e faz belo contraponto com a dura personagem de Eliane Giardini. Jandira Martini, que seqüestra nosso olhar em qualquer trabalho em que atua, empresta doçura na medida certa para Sarah. E Leona Cavalli, como Maria, reafirma-se como um dos maiores talentos de sua geração.
 “Olga” é a primeira produção e roteiro cinematográfico de Rita Buzzar, roteirista de novelas como “Amazônia”, na antiga Rede Manchete. Na ficha técnica, o ponto mais alto do filme, pela primorosa produção e recriação das locações, Alemanha, Rússia, Campo de Concentração, em pelo Rio de Janeiro, as presenças de Cláudia Braga – Direção de Produção; Tiza de Oliveira – Direção de Arte; Érika Lovisi – Cenógrafa; Marlene Moura – Maquiagem; Maria Lobo – Casting.
 ‘OLGA”, Brasil, 2004, 2h20, 14 anos. Direção: Jayme Monjardim; Roteiro: Rita Buzzar

http://www.mulheresdocinemabrasileiro.com/criticaOlga.htm

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