segunda-feira 02 2013

Pesquisadores descobrem mais antigo fóssil de grande felino

Paleontologia

Crânio encontrado no Tibete possui mais de 4 milhões de anos e pode ajudar a resolver o mistério sobre onde e quando surgiram os grandes felinos

felino
O crânio encontrado pelos pesquisadores teria pertencido a uma felino de uma espécie extinta chamada Panthera blytheae, que seria semelhante ao leopardo das neves que continua habitando a mesma região (Mauricio Anton/Proceedings of the Royal Society B/AP)
Pesquisadores anunciaram nesta quarta-feira a descoberta do fóssil mais antigo de um grande felino. Os ossos foram escavados em uma região próxima ao Himalaia, no Tibete, e pertenceram a um animal que viveu entre 4,1 e 5,95 milhões de anos atrás. Segundo o estudo, publicado na revista Proceedings of the Royal Society B, o felino descrito pertencia a uma espécie extinta, que recebeu o nome de Panthera blytheae, bastante semelhante ao atual leopardo das neves, que continua a habitar a mesma região.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Himalayan fossils of the oldest known pantherine establish ancient origin of big cats

Onde foi divulgada: periódico Proceedings of the Royal Society B

Quem fez: Jack Tseng, entre outros

Instituição: Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos

Dados de amostragem: Ossos descobertos em 2010 no Tibete

Resultado: Segundo a análise dos pesquisadores, os ossos faziam parte do crânio de um grande felino que viveu entre 4,1 e 5,95 milhões de anos atrás. O animal teria pertencido a uma espécie já extinta, que recebeu o nome de Panthera blytheae
O estudo descreve alguns fragmentos de crânio descobertos em 2010, e sugere que os fósseis podem fornecer informações importantes para explicar o local e o tempo de origem de todos os grandes felinos — grupo que reúne grandes predadores como leões, onças, tigres e leopardos. "Esta descoberta sugere que os grandes felinos têm uma origem evolutiva mais ancestral do que se suspeitava anteriormente", diz Jack Tseng, pesquisador do Museu Americano de História Natural, em Nova York, que participou do estudo.
Gatinhos e gatões — Estudos anteriores feitos a partir de análises do DNA dos grandes felinos sugeriam que o ancestral comum mais antigo desses animais teria surgido há cerca de 6,37 milhões de anos. Ele teria evoluído a partir de uma divergência dos Felinae, subfamília que inclui felinos menores, desde os selvagens pumas e linces até os gatos domésticos.
O problema é que os fósseis mais antigos de grandes felinos encontrados até agora eram fragmentos de dentes escavados na Tanzânia, datando de apenas 3,6 milhões de anos atrás, o que parecia ir contra as previsões genéticas.
Para estimar a idade do crânio descoberto recentemente, os pesquisadores usaram uma técnica conhecida como magnetostratigrafia. Ela analisa os padrões que as reversões dos campos magnéticos da Terra deixaram gravadas nas camadas de rochas para estimar a idade dos fósseis. Concluíram, assim, que o animal viveu entre 4,1 e 5,95 milhões de anos atrás — preenchendo a lacuna que faltava.
Mauricio Anton/Proceedings of the Royal Society B/AP
Os pesquisadores encontraram fragmentos de ossos que formavam o crânio quase completo de um grande felino ancestral
O novo fóssil também permitiu aos pesquisadores refinarem ainda mais a data estimada para a divergência entre os Felinae e os grandes felinos. A partir da análise morfológica do crânio e comparações com outros felinos — vivos e mortos — os pesquisadores avaliam agora que o primeiro grande felino surgiu entre 10 e 11 milhões de anos atrás.
Gatos tibetanos — A descoberta não ajuda somente a ajustar a data de evolução dos grandes felinos, mas também seu local de origem. Pesquisas moleculares anteriores mostravam que esses animais deveriam ter surgido na Ásia, mas o fóssil mais antigo conhecido até agora era africano. A localização do novo crânio sugere que, de fato, o grupo divergiu dos outros felinos na Ásia Central, e depois se espalhou para o resto do mundo.

Os paleontologistas encontraram o fóssil enquanto realizavam escavações no condado de Zanda, uma região isolada que fica perto da fronteira entre o Paquistão e a China. Ali, eles descobriram mais de 100 ossos, de uma grande variedade de animais. O crânio do Panthera blytheae estava localizado abaixo de ossadas de antílopes, bastante quebrado, mas quase completo. “Ele estava simplesmente alojado em meio a toda essa confusão", diz Tseng.
Agora, os pesquisadores pretendem voltar ao local e realizar mais escavações, em busca de outros exemplares da espécie. Isso poderia ajudá-los a refinar seus estudos e deixar mais precisas as datas estimadas para a origem dos grandes felinos.

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